A agência americana que regulamenta os medicamentos nos EUA (FDA) está
avaliando a recomendação de um comitê consultivo federal para que um
teste capaz de detectar os tipos mais nocivos de HPV passe a ser o
método de rastreamento primário para câncer de colo de útero. Se
seguidas as recomendações do comitê, o teste passará a ser, nos Estados
Unidos, a principal ferramenta de detecção precoce do HPV, à frente do
papanicolau.
No Brasil, esse tipo de teste já está disponível, porém especialistas
afirmam que ele não deve substituir o papanicolau, mas sim complementar
seus resultados.
A principal vantagem do teste molecular – capaz de identificar o DNA
dos dois tipos de HPV mais comumente associados ao câncer – é a obtenção
de resultados mais precisos. “Esses testes biomoleculares cobririam uma
lacuna de sensibilidade do teste de citologia do papanicolau”, diz a
ginecologista Marcia Fuzaro Terra Cardial, professora da Faculdade de
Medicina do ABC.
O papanicolau não identifica o vírus em si, mas alterações nas células
do colo do útero que podem indicar lesões pré-cancerosas ocasionadas
pelo vírus.
Segundo o ginecologista José Antônio Marques, da Associação de
Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp), o papanicolau
está sujeito à obtenção de falsos negativos, pois depende de grande
precisão técnica de quem o executa. “Tem que colher de um certo jeito,
tem uma maneira correta de preparar a lâmina e de analisá-la”, diz
Marques. “Cada vez menos formam-se especialistas para analisar lâminas
em grandes quantidades. Alguém tem que olhar essas lâminas e isso é um
problema.”
Já o teste de HPV, por ser totalmente automatizado, garante uma
precisão maior. Por outro lado, um resultado positivo para a presença do
HPV não quer dizer que a paciente esteja doente.
“É importante não se assustar se o resultado for positivo. Isso só
determina que a mulher deva ser acompanhada anualmente para ver se
aparece algum tipo de lesão no colo do útero. Ela deve ser acompanhada
com mais rigor, mas sem desespero”, diz Marcia. A partir de um resultado
positivo, o médico pode recomendar uma colposcopia, exame que rastreia o
colo do útero à procura de lesões precursoras do câncer.
A médica dá um exemplo de um caso em que o teste do HPV foi bem
sucedido em detectar um caso que o papanicolau por si só teria deixado
passar. Uma de suas pacientes, de 30 anos, teve o teste de HPV positivo e
o Papanicolau negativo (os dois exames podem ser pedidos
simultaneamente). A colposcopia, pedida posteriormente, identificou uma
lesão minúscula no colo que o Papanicolau não havia pegado. Isso
permitiu um tratamento bem mais precoce.
Se o exame de HPV der negativo, a mulher pode ficar de três a cinco anos sem precisar fazer esse tipo de teste.
Fonte: G1.com
Acesso em : http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2014/04/teste-que-detecta-hpv-pode-ser-aliado-de-papanicolau-contra-cancer.html
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